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em fundo roxo, foto de duas laranjas com ilustração de olhos e mãos dadas como imagem de apoio ao texto sobre Dia das Mães

Afinal, é Dia das Mães ou dia das marcas?

em fundo roxo, foto de duas laranjas com ilustração de olhos e mãos dadas como imagem de apoio ao texto sobre Dia das Mães

Afinal, é Dia das Mães ou dia das marcas?

Quem é mãe sabe bem que a aventura de criar e educar um ser humano é cheia de desafios. Por isso, mais do que homenagens e presentes materiais no Dia das Mães, elas precisam de respeito e apoio da sociedade, o ano inteiro. Porém, algumas empresas ainda insistem em fazer justamente o oposto, ao anunciar diretamente para as crianças seus produtos e serviços. Uma prática abusiva e ilegal!

 

Sim, a publicidade infantil dificulta a tarefa de ser mãe. Afinal, essa prática traz consequências para crianças e para famílias, causando, por exemplo, estresse familiar, superendividamento e tantos outros prejuízos. É por isso que, neste Dia das Mães, o presente que gostaríamos de dar para elas é paz e autonomia. Para, assim, poderem decidir o que seus filhos devem ou não consumir.

 

Como a publicidade infantil afeta a vida das mães

Empresas que praticam publicidade infantil, uma vez que falam diretamente com crianças, passam por cima da autoridade maternal. Isto é, transmitem valores consumistas e estimulam desejos de consumo específicos para os pequenos sem nenhuma autorização dos responsáveis. Assim, empresas interferem na relação entre mães e seus filhos.

 

“Agora, na pandemia, não quero dar telas para minha filha, mas é impossível”, desabafou Giovanna Nader, mãe da Marieta, em uma live com o Criança e Consumo. “Não tem jeito! Ela [filha] já é louca em ‘Frozen’. Então, machuca o joelho, usamos um curativo da Frozen. Quando você percebe, já foi engolida pelo consumo sem você querer. E acho que isso pode ser revertido. Principalmente quando ela [filha] ficar mais velha e for possível conversar mais sobre isso. Porém, isso só vai ser zerado, mesmo, quando o sistema mudar.”

 

E todo esse incentivo ao consumo é, de fato, proposital! Uma vez que sejam convencidas a consumir determinado produto ou serviço, as crianças são “ótimas” em insistir. E as empresas anunciantes sabem muito bem disso. Esse comportamento tem até nome: “fator amolação”. A prática consiste em incentivar crianças a pedirem algo incansavelmente até que os responsáveis cedam. E quem convive diariamente com os pequenos, como as mães, sabe que, muitas vezes, não basta um simples “não”.

 

“A gente até pode falar com as crianças, de forma adequada, sobre tudo” diz Thais Ferreira, mãe de três meninos, em conversa com o Criança e Consumo. “Mas existe comprovação de que crianças até 12 anos não têm maturidade neurológica para fazer escolhas quando são expostas a expressões consumistas. Então, não adianta, mesmo que a gente fale com jeito. ‘Ah, mas com os meus filhos não é assim’. É assim, sim, porque eles são crianças, ainda estão em desenvolvimento.”

 

O que empresas devem fazer para respeitar as mães o ano inteiro, não somente no Dia das Mães?

A publicidade infantil, embora ilegal, ainda é praticada por algumas empresas anunciantes que, em nome da disputa comercial, desrespeitam os direitos das crianças, as leis e, também, todas as mães. Mas não precisa ser assim. Anunciantes podem – e devem – garantir a proteção infantil frente à exploração comercial.

 

É até bem simples: toda e qualquer comunicação mercadológica, independente do produto ou serviço anunciado, mesmo os infantis, deve ser direcionada exclusivamente aos adultos. Afinal, são eles que detém o poder de compra e capacidade para realizar as decisões de consumo da família.

 

“O conflito entre combater o consumismo infantil e o consumo excessivo versus estampar um sorriso de satisfação na boca do seu filho ou filha é algo muito mais complexo do que parece” confidenciou Karoline Miranda, mãe do Gael, em seu desabafo. “Tentar dizer a si mesmo que nem tudo que a publicidade diz que é bom pra você realmente vai trazer satisfação pessoal é uma coisa… tentar dizer isso à uma criança bombardeada com todo esse conteúdo é outra. É dia das mães – uma data extremamente consumista. E de presente eu só queria ganhar: paz.”

 

Anunciantes precisam respeitar todas as mães, bem como as crianças e as leis, e parar de praticar publicidade infantil! Empresas ou plataformas que violarem os direitos infantis e as leis são passíveis de ser denunciadas. Seja por mães, familiares ou qualquer pessoa, afinal, cuidar da infância é um dever de toda sociedade.

 

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Publicado em: 7 de maio de 2021

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