Logo Criança e Consumo
em fundo cinza, ilustração que representa uma janela de um navegador de internet com uma imagem em fundo laranja de três microfones antigos. Abaixo do navegador, ícone de um mouse e, ao lado, logo do Criança e Consumo especial 15 anos como imagem de apoio do texto sobre o 1º Fórum Internacional Criança e Consumo

O início de tudo: 1º Fórum Internacional Criança e Consumo

em fundo cinza, ilustração que representa uma janela de um navegador de internet com uma imagem em fundo laranja de três microfones antigos. Abaixo do navegador, ícone de um mouse e, ao lado, logo do Criança e Consumo especial 15 anos como imagem de apoio do texto sobre o 1º Fórum Internacional Criança e Consumo

O início de tudo: 1º Fórum Internacional Criança e Consumo

Não é de hoje que crianças têm sido incessantemente estimuladas pelo mercado ao comportamento consumista. Colocando interesses comerciais acima do bem-estar das crianças, empresas vêm fazendo isso, há décadas, ao direcionar publicidade ao público infantil. Aliás, o que é uma prática proibida pela legislação brasileira desde 1990. A fim de refletir e defender o direito das crianças a uma infância livre de exploração comercial, o Instituto Alana criou o programa Criança e Consumo. Tudo começou, 15 anos atrás, com o 1º Fórum Internacional Criança e Consumo. Esse evento contou com especialistas, acadêmicos, formadores de opinião e demais interessados em aprofundar essa urgente discussão.

 

Como foi o 1º Fórum Internacional Criança e Consumo

O evento aconteceu nos dias 28 e 29 de março de 2006, no SESC Avenida Paulista. O fórum teve curadoria de Ana Lucia Villela, fundadora e presidente do Instituto Alana, e de Marcos Nisti, vice-presidente e CEO do instituto. Sua inspiração foi o trabalho da Campaign for a Commercial Free Childhood (CCFC) e de sua fundadora, Susan Linn. CCFC é uma organização estadunidense comprometida a acabar com o marketing direcionado a crianças. Um dos marcos do 1º Fórum Internacional Criança e Consumo, aliás, foi a presença da psicóloga Linn como palestrante e o lançamento do seu livro, “Crianças do Consumo – a infância roubada”, em português.

 

A advogada Noemi Friske Momberger, outra palestrante do evento, apresentou um panorama legal da proibição à publicidade infantil. Além disso, sua fala também trouxe reflexões do ponto de vista de mãe, que sentia diretamente as consequências dessa prática.

 

[su_youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=cDpHRVzpMj4&list=PL67850313D563B5FC&index=2″]

 

Por sua vez, a psicanalista e integrante até hoje do Conselho Consultivo do Criança e Consumo, Ana Olmos refletiu sobre a importância das crianças aprenderem a lidar com espera e frustração. Em suas palavras, o marketing passa a mensagem de que “tudo tem que ser o mais rapidamente preenchido”. Por consequência, a publicidade infantil atrapalha o desenvolvimento saudável das crianças, além de desrespeitar seus direitos.

 

Já Danilo Miranda, diretor do SESC, refletiu sobre cidadania, publicidade e educação. Em sua fala, argumentou sobre a importância da educação infantil e como ela, antes de tudo, é responsabilidade de todos: famílias e educadores, mas também agentes públicos e privados. Assim, Miranda lembrou que “os meios de comunicação educam ou deseducam muito mais do que a gente pode imaginar”. Ou seja, o mercado e suas mídias devem, sim, ser responsáveis por proteger as crianças com absoluta prioridade.

 

Entre os especialistas palestrantes do evento que marcou a criação do Criança e Consumo, também estiveram: Pedrinho Guareschi (filósofo e conselheiro do Criança e Consumo), Orlando Fantazzini (deputado federal), Flávio Paiva (jornalista e conselheiro do Criança e Consumo), Percival Caropreso (publicitário), Gabriel Chalita (então secretário estadual de Educação), Fernando Hernandez (educador), Lourdes Atié (socióloga), José Augusto Taddei (pediatra), Gisela Sanches (psicanalista), Laurindo Leal (jornalista) e Sérgio Miletto (produtor cultural).

 

O desafio da publicidade digital já estava presente

Visto que as crianças brasileiras já eram uma das que mais assistiam televisão no mundo e que grande parte da comunicação mercadológica direcionada a elas era por meio da TV, esse foi um dos grande assuntos abordados no 1º Fórum Internacional Criança e Consumo. Durante o evento, Marcos Nisti apresentou o “Desligue a TV”, projeto do Instituto Alana que buscava conscientizar sobre os riscos do hábito excessivo de ver televisão. De lá para cá, muita coisa mudou no mundo e na forma como consumimos mídias e informações. Dessa forma, embora tenha tido grande relevância na época de seu lançamento, o projeto já não existe mais.

 

Também Susan Linn refletiu, em sua fala, sobre a relação entre crianças e televisão. Entretanto, atenta às tendências que se apresentavam, a psicóloga lançou um alerta para aquele que seria o principal desafio do futuro. “Publicidade em celulares, isso é o que vem em seguida”, disse Linn.

 

[su_youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=eDuSl8Wj_qQ” width=”1160″ height=”600″]

 

Hoje em dia, inegavelmente, as telas fazem parte da vida de todos, inclusive das crianças. Sem dúvida, uma realidade que veio para ficar e traz inúmeras oportunidades, além dos riscos. Portanto, as tecnologias digitais devem permitir um uso seguro por crianças. O que também significa deixá-las a salvo de qualquer forma de exploração comercial.

 

O Criança e Consumo vem trabalhando, desde o início de sua atuação, para garantir que a proibição da publicidade infantil seja efetiva em todas as mídias e espaços de convivência da criança. O que inclui plataformas de vídeos, aplicativos e games. Passados 15 anos, os desafios atuais no campo digital são cada vez maiores, entretanto também há avanços a se comemorar. O mais recente deles é a adoção no novo Comentário Geral do Comitê dos Direitos da Criança da ONU sobre os Direitos da Criança em relação ao ambiente digital, que contou com contribuições diretas do Criança e Consumo. O programa fez parte do grupo de especialistas internacionais que participaram do processo de discussão e elaboração deste documento.

 

O 1º Fórum Internacional Criança e Consumo discutiu os desafios da época e, ao mesmo tempo, os do futuro. Igualmente, o programa Criança e Consumo segue atuando na vanguarda das discussões sobre consumismo e publicidade infantil. Comprometido com a proteção das crianças no presente, o programa também olha para os riscos do futuro próximo. E, há 15 anos, busca garantir o fim do assédio comercial infantil e dos abusos de empresas.

 

Leia também

Entrevista: 10 anos do Criança e Consumo, conquistas e desafios

Documentário “Criança, a alma do negócio” discute a publicidade infantil

Publicado em: 26 de março de 2021

Notícias relacionadas

Listar todas as notícias

Ir ao Topo