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em fundo cinza, foto de um porta lápis com diversos lápis de cor vistos de cima como imagem de apoio para o texto sobre projeto sobre publicidade e alimentação infantil

Curso de publicidade e propaganda desenvolve projeto sobre publicidade e alimentação infantil

em fundo cinza, foto de um porta lápis com diversos lápis de cor vistos de cima como imagem de apoio para o texto sobre projeto sobre publicidade e alimentação infantil

Curso de publicidade e propaganda desenvolve projeto sobre publicidade e alimentação infantil

Após assistirem ao documentário Muito Além do Peso, alunas criaram a campanha “O que tem preenchido nossas crianças?” sob orientação de professor

 

O professor Gabriel Ruiz, da disciplina de ética e legislação  do curso de publicidade e propaganda na faculdade Pitágoras, em Londrina (PR), desenvolveu uma discussão sobre a abusividade de praticar publicidade infantil, após reproduzir o documentário Muito Além do Peso em sua aula. Fernanda Venturini, Giovanna Matei e Maria Eduarda Maciel, alunas de Gabriel, produziram uma campanha e um artigo sobre a relação entre alimentação infantil e publicidade dirigida a crianças chamados “O que tem preenchido nossas crianças?”. Professor e alunas comentam abaixo o processo de produção do projeto.

 

Criança e Consumo – Respondendo à pergunta mote da campanha, vocês chegaram a conclusão de que o que preenche as crianças são alimentos de baixa qualidade nutricional, brinquedos de plástico, conteúdo produzido por youtubers, entre outros. Como a publicidade infantil influencia esse “preenchimento”?

Gabriel Ruiz – A maior parte dos produtos retratados na campanha são altamente expostos nos canais de mídia, são empresas que gastam fortunas com publicidade, entre outras estratégias. São, dessa forma, altamente conhecidas.

 

Durante as aulas na faculdade, ficou evidente que a percepção das estudantes sobre as crianças que as rodeiam e sobre alimentação mudou completamente, pois fizemos uma relação de como esse tipo de publicidade esteve presente na nossa infância e adolescência e quantas vezes criamos desejos a partir do que consumíamos nos meios de comunicação.

 

Fernanda, Giovanna e Maria Eduarda – As propagandas direcionadas às crianças são apelativas e, consequentemente, muito assertivas. É quase que impossível, nos dias de hoje, uma criança não conhecer o [influenciador digital] Lucas Netto e não querer ter todos os brinquedos que ele mostra, ou mesmo aqueles que elas veem nas propagandas entre o intervalo de um desenho e outro.

 

CeC – De onde surgiu a vontade de refletir e discutir sobre os males da publicidade infantil justamente em uma sala de aula de graduação em publicidade?

Gabriel  – Na disciplina de Ética e Legislação, a discussão sobre publicidade infantil é central e trata-se de uma das principais aulas. Como somos futuros publicitários e publicitárias trabalhando e criando propagandas diversas, é fundamental dominar uma compreensão ética sobre a profissão e, especificamente, sobre publicidade infantil, ter dimensão das regras e dos abusos que podem ser cometidos contra esse público tão nobre.

 

CeC – Na campanha, vocês ressaltam que há youtubers nos pensamentos da criança. Como vocês percebem o aumento da publicidade infantil na internet? E quais os principais riscos disso?

Gabriel – Creio que esse aumento está dentro de um processo mais macro, em que

a publicidade migrou em parte para as mídias digitais, em especial para as redes sociais. Por ser algo novo, marcas e produtos encontraram um terreno fértil para driblar algumas regras que se consolidaram para coibir abusos. Tem ainda a questão de privacidade, do uso indevido dos dados de crianças e adolescente que navegam. São informações valiosas que podem moldar comportamentos e influenciar no consumo, ou seja, do ponto de vista da propaganda, recursos poderosíssimos e ainda com debate escasso na sociedade.

 

Os influencers e youtubers acabam promovendo marcas e realizando ações abusivas, justamente, sob uma nova roupagem (como os vídeos de unboxing), ofertando todo tipo de mercadoria para este público-alvo. Até pouquíssimo tempo atrás, o YouTube, por exemplo, não tinha regras de rigor de conteúdos inapropriado para menores, ou mesmo como combater publicidade abusiva, e ainda hoje, não existe uma política de vigilância eficaz interna. Nesse sentido, os estudantes são também provocados a denunciar ou agir quando encontram conteúdos duvidosos.

 

Fernanda, Giovanna e Maria Eduarda – Acreditamos que os youtubers são os responsáveis pelo aumento da publicidade infantil na internet. Hoje em dia, é comum encontrar crianças cada vez mais novas (e até bebês) assistindo vídeos no celular/tablet. O que faz com que desde cedo, as crianças fiquem dependentes da internet, “birrentas” para conseguirem algo e até mesmo, “aprendam” a desrespeitar os pais, dependendo do conteúdo que assistem.

 

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Publicado em: 2 de dezembro de 2019

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