{"id":5627,"date":"2015-08-18T09:00:37","date_gmt":"2015-08-18T09:00:37","guid":{"rendered":"https:\/\/criancaeconsumo.org.br\/?p=5627"},"modified":"2022-10-17T14:52:36","modified_gmt":"2022-10-17T17:52:36","slug":"criancas-como-promotoras-de-venda-nao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/criancaeconsumo.org.br\/noticias\/criancas-como-promotoras-de-venda-nao\/","title":{"rendered":"Crian\u00e7as como promotoras de\u00a0venda,\u00a0n\u00e3o!"},"content":{"rendered":"

Foroni \u00e9 denunciada por direcionar publicidade \u00e0s crian\u00e7as<\/em>\u00a0em diferentes\u00a0m\u00eddias e nas escolas<\/em><\/p>\n

O Instituto Alana<\/strong>, por meio do projeto Crian\u00e7a e Consumo<\/a>, enviou\u00a0ao N\u00facleo de Defesa do Consumidor, da Defensoria P\u00fablica do Rio de Janeiro<\/strong>\u00a0uma representa\u00e7\u00e3o contra a empresa Foroni<\/a><\/strong> por violar a legisla\u00e7\u00e3o brasileira ao abusar da defici\u00eancia de julgamento e experi\u00eancia das crian\u00e7as, com o objetivo de seduzi-las para consumir<\/strong> os produtos da marca. A equipe do Crian\u00e7a e Consumo analisou a estrat\u00e9gia de comunica\u00e7\u00e3o mercadol\u00f3gica da chamada Promo\u00e7\u00e3o Desafio Foroni<\/strong>. A campanha\u00a0incentiva a comunidade escolar a produzir um v\u00eddeo que tivesse como trilha sonora o\u00a0jingle do comercial da Foroni.\u00a0Os participantes concorriam a cadernos, notebook, projetores e viagens para Orlando (Estados Unidos) e Vancouver (Canad\u00e1).<\/p>\n

Para promover o Desafio Foroni, foi desenvolvida uma comunica\u00e7\u00e3o mercadol\u00f3gica em diferentes \u00e2mbitos do cotidiano das crian\u00e7as. Na televis\u00e3o, a\u00a0pe\u00e7a publicit\u00e1ria apresentava um v\u00eddeo de inspira\u00e7\u00e3o da Promo\u00e7\u00e3o, tendo como cen\u00e1rio o ambiente escolar. Al\u00e9m da campanha, outra estrat\u00e9gia adotada pela empresa\u00a0para atingir o p\u00fablico infantil foi o envio dos produtos para crian\u00e7as e adolescentes conhecidas por serem\u00a0blogueiros, vlogers ou youtubers mirins<\/em>, que s\u00e3o amplamente visualizados na internet. Elas exercem um forte apelo perante seus f\u00e3s, tendo em vista que s\u00e3o pessoas da mesma faixa et\u00e1ria que promovem produtos, incentivam seu consumo e buscam fideliza-l\u00f3s.<\/p>\n

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A empresa explora o universo infantil em diferentes \u00e2mbitos para que as crian\u00e7as vivenciem o conceito da marca e se tornem suas consumidoras e promotoras de vendas, seja a crian\u00e7a que assiste ao comercial e reproduz a mensagem para seus familiares; a crian\u00e7a que realiza o v\u00eddeo e faz publicidade gratuita da empresa; ou o blogueiro mirim que recebe os produtos da empresa para depois divulg\u00e1-los.<\/p>\n

Ap\u00f3s a an\u00e1lise das campanhas, ficou evidente que a comunica\u00e7\u00e3o mercadol\u00f3gica era dirigida ao p\u00fablico infantil, com menos de 12 anos. \u201cA parceria com escolas, o p\u00fablico-alvo do pr\u00eamio, que pode ter menos de 13 anos, os jingles, a participa\u00e7\u00e3o de crian\u00e7as no comercial,\u00a0de youtubers<\/em> conhecidos pelo p\u00fablico infantil, e sua divulga\u00e7\u00e3o por blogueiros mirins s\u00e3o alguns dos elementos que\u00a0comprovam\u00a0essa estrat\u00e9gia\u201d, esclarece a advogada do Instituto Alana, Ekaterine Karageorgiadis.<\/p>\n

O direcionamento de publicidade para crian\u00e7as com menos de 12 anos \u00e9 considerada pela legisla\u00e7\u00e3o brasileira abusiva e ilegal, o C\u00f3digo de Defesa do Consumidor (CDC) <\/a>\u2013 Lei n\u00ba 8.78\/1990 \u2013 determina que a publicidade \u00e9 abusiva e ilegal quando \u201cse aproveita da defici\u00eancia de julgamento e experi\u00eancia da crian\u00e7a\u201d. Al\u00e9m disso, o Estatuto da Crian\u00e7a e do Adolescente (ECA)<\/a> e a Constitui\u00e7\u00e3o Federal, no artigo 227, colocam as crian\u00e7as em primeiro lugar nos planos e preocupa\u00e7\u00f5es da na\u00e7\u00e3o exigindo o respeito de seus direitos b\u00e1sicos. E com o objetivo de esclarecer e refor\u00e7ar a legisla\u00e7\u00e3o existente foi\u00a0publicada\u00a0\u00a0no Di\u00e1rio Oficial da Uni\u00e3o a Resolu\u00e7\u00e3o 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Crian\u00e7a e do Adolescente (Conanda)<\/a>, que considera o direcionamento da publicidade \u00e0 crian\u00e7a uma pr\u00e1tica abusiva.<\/p>\n

O\u00a0<\/strong>Crian\u00e7a e Consumo solicita \u00e0 Defensoria P\u00fablica do Rio de Janeiro que sejam tomadas as medidas legais cab\u00edveis\u00a0a fim de que a empresa cesse com tal abusividade e ilegalidade, deixe de realizar a\u00e7\u00f5es semelhantes, bem como repare os danos j\u00e1 causados \u00e0s crian\u00e7as de todo o pa\u00eds tendo em vista a prote\u00e7\u00e3o da inf\u00e2ncia que \u00e9 um valor social que precisa ser respeitado, inclusive nas rela\u00e7\u00f5es de consumo.<\/p>\n

Acompanhe o caso:<\/p>\n