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A relação entre consumismo e meio ambiente

A relação entre consumismo e meio ambiente2022-09-02T17:55:19-03:00

É extremamente grave que crianças cresçam para se tornar consumidoras compulsivas, incapazes de refletir sobre os impactos desse comportamento. Mas é exatamente isso que a publicidade infantil “ensina”, aproveitando-se de uma fase da vida de peculiar processo de desenvolvimento. Aliás, é por causa desse momento que crianças são hipervulneráveis à comunicação mercadológica. É por isso que devemos refletir sobre como consumismo e meio ambiente se relacionam, assegurando os direitos infantis e defendendo um mundo mais saudável.

A prática ilegal de publicidade infantil incentiva massivamente a construção de comportamentos consumistas nas crianças. E isso acontece desde a mais tenra idade, em todos espaços e meios de comunicação. Essas ações causam muitas consequências negativas para as próprias crianças, suas famílias e toda a sociedade.

O ponto de partida para essa discussão de consumismo e meio ambiente é, então, que muito consumo significa muito descarte. E não apenas descarte dos produtos adquiridos ao se tornarem obsoletos, como também de embalagens, sacolas, “brindes”, materiais promocionais descartáveis… Como se não fosse o bastante, ainda precisamos considerar os inúmeros desperdícios de recursos naturais ao longo de todo o processo de produção industrial e transporte do produto. Quanto maior a escala de produção, maiores as chances de prejuízos ambientais.

Publicidade infantil gera insustentabilidade

O direcionamento de publicidade para crianças não é apenas ilegal, mas também uma prática extremamente antiética. Além de buscar convencer ao consumo de determinados produtos, serviços e marcas, a publicidade infantil passa uma mensagem constante para a criança: para ser feliz, é preciso consumir – e muito.

Por isso, exigir o fim da publicidade infantil é um dos caminhos para a preservação do meio ambiente. E o primeiro passo é compreender a complexidade dessa questão de consumismo e meio ambiente.

O problema do consumismo infantil é um dos mais graves que a humanidade enfrenta, tão grave quanto a mudança climática.

Rachel Biderman,
ambientalista e conselheira do Criança e Consumo

Nesse sentido, vale analisar o impacto do setor de brinquedos, que é o que mais dirige publicidade para crianças. No mundo, 90% dos brinquedos produzidos são de plástico. Essa indústria ainda estimula, através da publicidade infantil, o desejo constante pelos últimos lançamentos e, muitas vezes, produtos colecionáveis. Também faz parte da estratégia de marketing dessas empresas intensificar seus anúncios e promoções ao se aproximar de datas comemorativas. Com isso, crianças são estimuladas a crer que Dia das Crianças, Páscoa e Natal, por exemplo, só podem ser verdadeiramente comemorados com presentes e itens comprados. Mais do que injusta, essa crença ainda pode reforçar desigualdades sociais, aumentar o estresse familiar, entre outras consequências.

Infância plastificada: crianças, consumismo e meio ambiente

Outra forma do mercado anunciante estimular o consumismo infantil são as promoções com itens colecionáveis. Isso é comum em fast foods com combos “lanche com brinquedo’ – que, por sua vez, quase sempre é de plástico.

Já no ambiente digital, uma estratégia cada vez mais utilizada é a, igualmente ilegal, publicidade velada com youtubers mirins. É o caso dos vídeos de unboxing performados por influenciadores mirins. Neles, as crianças abrem “presentes”, brinquedos e produtos variados para mostrá-los à sua audiência, certamente também infantil. Muitas vezes, o que está sendo incentivado são comportamentos insustentáveis e de grande impacto para o meio ambiente.

Um exemplo disso é a boneca “L.O.L Surprise!”, que teve suas vendas alavancadas, principalmente, por essa estratégia. Envolta em inúmeras camadas de plástico, a boneca e seus acessórios só são revelados quando são abertas todas essas embalagens. O resultado, então: estima-se que o volume de bonecas vendidas nos dois primeiros anos de lançamento do produtos teria gerado um descarte imediato de plástico capaz de dar 24 voltas em torno da Terra!

A solução não é individual

Ao contrário do que pode parecer, assumir hábitos mais conscientes não basta para resolver a questão do consumismo e meio ambiente. Sem dúvida, é uma atitude importante, mas a solução para essa questão passa, principalmente, pela adoção de um compromisso em maior escala, tanto pelos Estados quanto pelas empresas.

Isso inclui, então, desde a adoção de uma economia circular até repensar o plástico em toda sua cadeia. Mas, especialmente, o fim da publicidade infantil e a garantia do direito a infâncias livres de pressões comerciais.

Denuncie!

Qualquer pessoa pode denunciar publicidade infantil, e isso é um instrumento muito importante. Afinal, como determina o art. 227 da Constituição Federal, devemos proteger nossas crianças em uma responsabilidade compartilhada. Isto é, empresas, sociedade e Estado devem fazer seu papel, em um conjunto de esforços, pela defesa da infância!

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