A Campaing for a Commercial-Free Childhood (CCFC) lançou um abaixo-assinado pedindo que a companhia americana de telecomunicações AT&T cancele o novo aplicativo U-verse BabyFirstTV, que estimula bebês a usar um iPad enquanto assistem TV. Até agora o abaixo-assinado já recebeu quase 3.000 assinaturas.
Bebês que usam o aplicativo podem desenhar em um tablet ou em um smartphone e depois ver a imagem aparecer na TV conectadas com o BabyFirstTV no AT&T U-verse. A imagem aparece na televisão como uma sobreposição da programação regular do BabyFirstTV.
Atualmente o aplicativo está disponível para os 10 milhões de assinantes da AT&T U-verse, mas o BabyFirst já está em discussão com outras TVs e provedores de Internet de alta velocidade e desenvolvendo uma linha inteira de “ferramentas de engajamento de segunda tela”.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade de Pediatria de São Paulo e a Academia Americana de Pediatria o uso de telas não é recomendável para crianças menores de dois anos , independentemente de seu conteúdo. Nessa fase, os bebês precisam de experiências no mundo concreto para melhor desenvolverem-se.
“É importante que todos tenham consciência de que as crianças não precisam de duas telas para se desenvolver e sim de espaço para brincadeiras, acolhimento e afeto com a família”, explica a advogada do Instituto Alana, Ekaterine Karageorgiadis. “Vale ressaltar que o uso precoce de tevês por bebês cria o hábito que, no futuro, para crianças a partir de uns 3 anos, poderá ser uma grande porta de entrada para a publicidade”, completa.
BabyTV
Não é de hoje que se discute os malefícios da televisão dirigida à criança no Brasil. Em 2009, o Instituto Alana fez uma denúncia que resultou em um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado entre o Ministério Público de São Paulo e a Fox Latin America Channels do Brasil, responsável pela programação do “BabyTV”. Informações no site babytv.com.br e em vinhetas alegavam que a programação especialmente produzida para crianças menores de 3 anos era capaz de promover o aprendizado e o desenvolvimento saudável durante a primeira infância.
Foto: Wayan Vota