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Desenho de vários tipos de alimentos como: peixe, maçã, macarrão, queijo, tomate, carne, leite e milho.

Rumo à alimentação saudável

Desenho de vários tipos de alimentos como: peixe, maçã, macarrão, queijo, tomate, carne, leite e milho.

Rumo à alimentação saudável

Especialistas fazem suas considerações sobre o novo Guia Alimentar da População Brasileira produzido pelo governo, que ficou em consulta pública até o dia 7 de maio.

Entre os meses de fevereiro e maio, o novo Guia Alimentar da População Brasileira ficou disponível para consulta pública. A revisão do documento anterior, de 2006, traz orientações e recomendações para promoção de saúde e prevenção de enfermidades, como obesidade e diabetes, por meio de informações. O guia também fala sobre escolha, preparo e consumo de alimentos, além de fatores do ambiente que favorecem ou dificultam a colocação em prática dessas recomendações, o que inclui um tópico sobre a publicidade de produtos ultraprocessados.

Durante apresentação do novo guia na Escola Paulista de Saúde Pública e Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, o professor Carlos Monteiro destacou a nova abordagem do documento. Entre outros pontos, ele explicou que “saúde é mais do que a simples ausência de doenças, mas o conjunto de fatores que contribuem para o bem-estar físico, mental e social”. O novo Guia Alimentar leva em consideração o valor cultural de se alimentar, e faz sugestões considerando a conjunção de costumes, cultura e características geográficas que definem a concepção de alimentação da sociedade brasileira.

“O texto proposto para a nova versão do Guia Alimentar para a População Brasileira tem como aspecto central a proposição de uma classificação que considera o grau de processamento ao qual os alimentos foram submetidos, incentivando, logicamente, que o consumo se concentre naqueles com pouco ou nenhuma intervenção”, explica Elisabetta Recine, nutricionista e professora da UnB. “A recomendação pretende desacelerar e reverter a tendência de aumento da presença dos produtos ultraprocessados na nossa alimentação”, completa.

Para a nutricionista Ana Paula Bortoletto do Idec – Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor, “o documento pode contribuir para melhorar e acelerar o processo de regulação de alimentos, pois, essa necessidade coloca-se claramente como um dos desafios para se obter uma alimentação mais saudável, tanto em relação ao acesso à informação clara e correta sobre o que comemos, quanto em relação ao poder da publicidade de alimentos em interferir nas escolhas alimentares”.

Publicidade

O Instituto Alana avalia positivamente a inserção da publicidade no Guia Alimentar, especialmente quando dirigida à criança, no capítulo destinado aos obstáculos à alimentação saudável, e apresentou suas contribuições por meio do sistema da consulta pública.

De acordo com a advogada do Instituto Alana, Ekaterine Karageorgiadis, o novo guia poderá servir como um importante instrumento de sensibilização da população em geral sobre a publicidade de alimentos destinados às crianças, e dos riscos à sua saúde diante do estímulo ao consumo excessivo e habitual de produtos ultraprocessados, com excesso de sódio, açúcares e gorduras, além de trazer informações sobre o que famílias, Estado e a sociedade em geral podem fazer para proteger os direitos das crianças no atual contexto alimentar em que vivemos.

Para isso, entende que é importante que o guia apresente de forma clara o que é publicidade, qual seu objetivo, onde está presente, como é veiculada e as consequências negativas que pode acarretar aos seus destinatários, sobretudo crianças. “É necessário apresentar as diferenças da publicidade destinada ao público em geral daquela destinada diretamente a crianças, com esclarecimentos sobre as especificidades desse público alvo”, argumenta Ekaterine.

O guia também deve apresentar o sistema legal vigente, para que a população entenda que a publicidade “deve respeitar os limites legais e os abusos devem ser punidos”, aponta a advogada. “A responsabilidade pelas mudanças não deve ser atribuída apenas às pessoas individualmente, mas sim a todos os atores sociais envolvidos, o que inclui Estado, instituições de ensino, mercado publicitário e anunciantes, além das famílias. O guia, portanto, deve trazer à população informações e dados de como agir com a publicidade dirigida às crianças e de quem cobrar a mudança”, completa.

Publicado em: 14 de maio de 2014

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