A publicidade de produtos alimentícios é, de fato, um fator de peso na criação de hábitos alimentares. Quando voltada a crianças, então, pode influenciar direta e negativamente na saúde infantil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já declarou grande preocupação com os impactos da publicidade de produtos alimentícios e bebidas não saudáveis na saúde de todos e todas, principalmente das crianças. A OMS reforçou mais uma vez sua posição nesse sentido ao publicar, em 7 de fevereiro de 2022, o documento “Exposição e Poder do Marketing de Alimentos e Suas Associações com Atitudes, Crenças e Comportamentos Relacionados a Alimentos: Uma Revisão Narrativa“. O relatório é uma das etapas do desenvolvimento de novas diretrizes da OMS sobre regulação do marketing de produtos alimentícios.
Confira, então, o documento traduzido pelo Criança e Consumo e a sua versão original em inglês.
Para que fosse construído o relatório, foram revisados artigos publicados entre 2009 e 2020 que buscavam entender o mercado publicitário, como os tipos de técnicas empregadas. Além disso, houve uma pesquisa sobre o impacto dessa comunicação mercadológica no consumidor como respostas comportamentais.
Importantes apontamentos da revisão da Organização Mundial da Saúde
- O marketing de alimentos é muito proeminente na indústria publicitária;
- Os produtos alimentícios predominantemente promovidos não são saudáveis;
- As técnicas utilizadas indicam uma maior preocupação com o engajamento entre o público jovem;
- Estratégias apelativas ao público infantil foram utilizadas com maior frequência para promoção de alimentos não saudáveis;
- O entretenimento e os sentimentos gerados pela publicidade influenciam a frequência de consumo de alimentos, pelo público mais jovem, que contribuem para dietas não saudáveis.
“Esse relatório amplia as descobertas da revisão da OMS de 2009, adicionando evidências e perspectivas sobre tipos mais atuais de marketing, refletindo o crescimento do uso da Internet e da publicidade de produtos alimentícios via mídia digital e social na última década. Confirma que a comercialização de alimentos que contribuem para hábitos não saudáveis permanece difundida e persuasiva e fornece evidências que fortalecem a restrição à comercialização de produtos alimentícios a que as crianças estão expostas”, relatou a Organização Mundial da Saúde .
O Criança e Consumo considera, assim, o relatório muito importante para guiar a formulação de políticas públicas e regulamentações que possam garantir a segurança alimentar e a saúde de crianças e adolescentes. Ainda, essas normas podem protegê-las de práticas comerciais exploratórias que insistem em violar os seus direitos.
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