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em fundo amarelo, foto de uma mão segurando um megafone como imagem de apoio do texto de entrevista ao pai que denunciou a Panini

O que aconteceu quando um pai decidiu denunciar a Panini?

em fundo amarelo, foto de uma mão segurando um megafone como imagem de apoio do texto de entrevista ao pai que denunciou a Panini

O que aconteceu quando um pai decidiu denunciar a Panini?

Pai de 4 filhos, Clayton Teixeira ficou verdadeiramente incomodado quando sua caçula, com 10 anos na época, chegou da escola com um álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 2018. Durante o campeonato mundial de futebol, a empresa Panini desenvolveu ações de publicidade infantil no ambiente escolar, por meio da distribuição gratuita de álbuns e figurinhas e da realização de atividades com as crianças. Clayton, ao pesquisar mais sobre o assunto, resolveu conversar com a escola para entender melhor a situação e, compreendendo que se tratava de uma prática abusiva e ilegal de publicidade infantil, encaminhou uma denúncia ao Criança e Consumo contra a Panini.

 

A partir da queixa do Clayton e de vários outros pais e mães, o Criança e Consumo denunciou a Panini ao Ministério Público de São Paulo e, no final de 2018, o órgão entrou com uma ação civil pública contra a empresa, já que a prática de publicidade infantil é proibida pela legislação brasileira. A justiça entendeu da mesma forma e determinou que a editora não realize publicidade infantil em escolas por meio da entrega de produtos da marca e da prática de atividades de entretenimento, diversão e aprendizado dentro ou em espaço imediatamente exterior.

 

Criança e Consumo – Como você tomou conhecimento da ação que a Panini fez em escolas?

Clayton Teixeira – Somente quando a minha filha chegou da escola com um álbum.

 

CeC – E como você se sentiu nessa situação em que a empresa falou diretamente com sua filha na escola?

CT – Fiquei chateado. É um álbum da Copa, com nenhum conteúdo pedagógico. Imagino, até, as famílias que não têm condições de completar esse álbum e os filhos chegam em casa já com um. A empresa está falando com as crianças em um local que os responsáveis não estão lá para dizer se elas podem ou não consumir aquilo.

 

CeC – O que te motivou a fazer a denúncia sobre essa ação da Panini?

CT – Falei com a coordenadora pedagógica, com professores e até com a diretora da escola, mas não houve muita conversa. Resolvi abordar o assunto na reunião de mães e pais. Para isso, pesquisei bastante, encontrei o Criança e Consumo e até levei a resolução do Conanda impressa. Logo após não ter um diálogo com a escola, resolvi fazer a denúncia.

 

CeC – Você já conversou com outros pais e mães sobre isso? 

CT – Isso é complicado, quando falo sobre isso, às vezes me sinto como um louco. Até na reunião de responsáveis dessa escola, senti que ninguém tinha o mesmo olhar que eu. Logo depois, a minha filha precisou trocar de colégio. Na minha busca, já procurei por um diferente. Por exemplo, um que não vendia refrigerantes e não oferecia comidas ultraprocessadas e fritura. Acima de tudo, procurei uma escola que não havia distribuído os álbuns da Panini. Encontrei uma que até falou que as escolas são proibidas de distribuir esses “brindes”. Além disso, não pode haver nem ações de empresas perto de escolas. Tudo é considerado publicidade infantil.

 

CeC – Você imaginou qual seria o resultado da sua denúncia?

CT – Falando a verdade, eu imaginava mais. Apenas foi proibido que a Panini faça publicidade infantil, mas essa prática já é proibida!  Esperava, pelo menos, um termo de ajuste de conduta. Por exemplo, enviar uma carta para as escolas em que distribuíram os álbuns. Que fosse feito um pedido de desculpas e uma explicação da proibição da publicidade infantil. Mas claro, a decisão já foi um ganho.

 

Saiba mais sobre o caso e, além disso, entenda porque a publicidade infantil é proibida, também, em escolas.

 

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Publicado em: 21 de dezembro de 2020

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