A pesquisa “Como eles ousam espiar minha privacidade?”, divulgada pela Human Rights Watch em maio, evidenciou que a maioria dos serviços de tecnologia educacional (EdTech) endossados por 49 países, incluindo o Brasil, violaram os direitos de crianças e adolescentes durante a pandemia. Isso já que essas plataformas vigiaram estudantes ao coletar indevidamente seus dados pessoais. Na última terça-feira (12), foi lançada a campanha #EstudantesNãoProdutos nas redes sociais para mobilizar a sociedade quanto a esse desrespeito inaceitável à privacidade das crianças e dos adolescentes.
Dos 163 serviços de EdTech analisados, 89% vigiaram ou poderiam vigiar crianças e adolescentes, surpreendentemente, inclusive fora do horário escolar. Muitas plataformas de educação coletaram informações sobre os estudantes como, por exemplo, de onde são, o que fazem durante a aula, quem são seus familiares e amigos e que tipo de dispositivo suas famílias poderiam pagar para que pudessem seguir o ensino on-line.
“Crianças, adolescentes, mães, pais, responsáveis legais e professores foram deixados no escuro em relação às práticas de vigilância de dados dos sistemas de aprendizagem on-line que revelamos. Entendendo como essas ferramentas de aprendizagem lidaram com a privacidade das crianças, as pessoas podem exigir proteção on-line mais eficientemente.” Hye Jung Han, pesquisadora de direitos de crianças e adolescentes e tecnologia da Human Rights Watch.
Nesse sentido, a Human Rights Watch lançou a campanha global #StudentsNotProducts – #EstudantesNãoProdutos. Mães, pais, responsáveis legais, professores, adolescentes e todos aliados são chamados a fim de exigir proteção on-line para estudantes.
“Sem dúvida, crianças e adolescentes não são produtos. Os governos deveriam adotar e aplicar leis modernas de proteção de dados infantis para impedir a vigilância de crianças e adolescentes por atores que não colocam os seus interesses em primeiro lugar”. Hye Jung Han
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