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Crianças e estereótipos de gênero: meninas são mais impactadas pela publicidade infantil

Crianças e estereótipos de gênero: meninas são mais impactadas pela publicidade infantil

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estereótipo de gênero “é uma opinião ou um preconceito generalizado sobre atributos ou características que homens e mulheres possuem ou deveriam possuir ou das funções sociais que ambos desempenham ou deveriam desempenhar”. Ou seja, é o nome que se dá para o que vimos e sentimos diariamente em todos os espaços. E, infelizmente, isso não é diferente com as crianças e estereótipos de gênero.

Para além da determinação de cores ditas “corretas” para meninos e outras para meninas, algumas campanhas publicitárias direcionadas a crianças, além de serem ilegais, acabam, por exemplo, atribuindo equivocadamente os interesses de cada um. Quem nunca percebeu que, nos comerciais, menino gosta de carrinho e menina de boneca? Indo ainda mais a fundo, é comprovado que garotas são mais impactadas por publicidade infantil na Internet que garotos.

Crianças e estereótipos de gênero

Atualmente, a Internet acaba concentrando muitos dos esforços das empresas na busca de se comunicar diretamente com crianças. De acordo com a última edição da TIC Kids Online Brasil, 81% dos jovens entre 11 e 17 anos afirmam ter visto algum tipo de divulgação durante suas atividades digitais. Porém, quando esses dados são avaliados com um recorte de gênero, é possível notar que meninas são mais impactadas (85%) do que meninos (78%) por essa prática. 

Sem contar que o direcionamento dessa comunicação mercadológica leva muito em consideração questões relacionadas a estereótipos de gênero. Quando perguntadas sobre os tipos de produtos que eram divulgados para garotas, 73% contaram ter visto maquiagem ou outros produtos de beleza. Ao mesmo tempo, 69% afirmaram ter contato com divulgações de roupas ou sapatos. Já publicidade de produtos como videogames, mais associados ao universo dos meninos, foram exibidos apenas para 30% das meninas. 

Ainda, outra problemática que esses indicadores apresentam é sobre as formas utilizadas para o direcionamento dessas divulgações para as garotas. Os sites de vídeos são onde 66% das entrevistadas são mais expostas à publicidade, sendo que nem sempre esses conteúdos seguem um padrão mais tradicional de comunicação mercadológica. Muitas vezes, esse tipo de ação publicitária é de difícil reconhecimento até para um adulto – imagine, então, para crianças.

Meninas dizem que, na maioria das vezes, o contato com a publicidade acaba acontecendo por meio de conteúdos que ensinam como usar um produto (71%). Um desses casos é a atuação da Estrela Beauty, City Girls Kids e Magia de Princesa, empresas que foram notificadas pelo Criança e Consumo, na semana do Dia das Crianças, por direcionarem publicidade para meninas por meio de influenciadoras mirins que mostram e recomendam os produtos de beleza das marcas.

Consequências da publicidade infantil para garotas

A escolha das empresas por direcionar publicidade de produtos específicos para as meninas não apenas incentiva o consumo excessivo. Essas ações comerciais também estimulam uma adultização precoce, extremamente pautada na questão dos estereótipos de gênero. Empresas acabam associando que, para as meninas serem quem são, elas precisam consumir produtos que, normalmente, pertecem ao mundo adulto. Sem contar que essas mensagens pautadas apenas pela pressão estética criam nas meninas, desde muito cedo, a necessidade de se encaixar em padrões de beleza inalcançáveis, o que pode causar diversos problemas psicológicos como até depressão.

A exploração comercial infantil, além de ser abusiva e ilegal, desrespeita o direito que cada menina tem por uma infância plena e segura. Garotas devem se desenvolver livre dos padrões impostos socialmente e que anulam suas individualidades.

Publicado em: 25 de outubro de 2022

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