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foto em destaque de garrafas da Coca-Cola com a promoção da Copa de 2022 como imagem de apoio ao texto sobre carta à Coca-Cola por descumprimento de compromisso

Instituto Alana alerta Coca-Cola por descumprimento de compromisso assumido com crianças em campanha promocional

foto em destaque de garrafas da Coca-Cola com a promoção da Copa de 2022 como imagem de apoio ao texto sobre carta à Coca-Cola por descumprimento de compromisso

Instituto Alana alerta Coca-Cola por descumprimento de compromisso assumido com crianças em campanha promocional

O Instituto Alana, por meio do Criança e Consumo, enviou, nesta quinta-feira (15), uma carta de alerta à Coca-Cola por descumprimento de compromisso global em não direcionar comunicação mercadológica a pessoas com menos de 13 anos. A campanha em questão foram duas ações realizadas no contexto da Copa do Mundo Qatar 2022: a “Promoção Descola e Cola Coca-Cola” e o aplicativo Panini Sticker Album.

Para o Criança e Consumo, a promoção, que consistia em uma ação que disponibilizava, nos rótulos do refrigerante, figurinhas de jogadores de futebol da “página especial da Coca-Cola” no Álbum da Panini, impactou diretamente crianças mais novas, principalmente por possuírem grande apelo junto ao público infantil.

O programa Criança e Consumo alerta a Coca-Cola sobre o potencial efeito negativo dessa ação promocional sobre as crianças. Isso porque é inegável que a ‘Promoção Descola e Cola Coca-Cola’ atinge esse público. Não à toa, é possível identificar na Internet diversos casos de crianças, ou de perfis voltados a elas, nos quais são expostos conteúdos ligados, justamente, à promoção.

carta enviada à Coca-Cola

Compromisso global de não direcionamento de publicidade a crianças da Coca-Cola

Em maio de 2013, a Coca-Cola assinou um compromisso mundial em prol do combate à obesidade e outras doenças crônicas não-transmissíveis. O documento inclui, entre outras medidas, o fim do direcionamento de publicidade a crianças de até 12 anos. Segundo Maria Mello, coordenadora do Criança e Consumo, a recente campanha da marca estimula nas crianças uma vontade não natural de consumo. Isso interfere, inclusive, na formação de sua percepção sobre um evento esportivo e cultural como a Copa do Mundo, além de incentivar hábitos de consumo não saudáveis.

Essa iniciativa contraria o compromisso global da marca (alinhado à responsabilidade compartilhada entre Estado, família e sociedade, o que inclui as empresas, quanto à proteção da infância), assumido há alguns anos e bastante celebrado, de não direcionar publicidade a crianças com menos de 13 anos.

Maria Mello,
coordenadora do Criança e Consumo

O compromisso da companhia abarca, ainda, a orientação de não utilizar jogos on-line como forma de direcionamento publicitário quando há apelo a pessoas com menos de 13 anos. No comunicado enviado, também é apontado que o aplicativo Panini Sticker Album, uma versão virtual do álbum da Copa no qual havia várias referências à marca de bebidas,  desperta o interesse das crianças da mesma forma, além de não haver qualquer controle etário efetivo sobre quem o acessa. 

E não é a primeira vez que alertamos a Coca-Cola por descumprimento de compromisso

Na Copa do Mundo de 2018, o Criança e Consumo já havia entrado em contato com a empresa de refrigerantes para alertar sobre a prática de direcionamento de conteúdo mercadológico a crianças. Na época, o aplicativo da Coca-Cola não contava com mecanismo efetivo que evitasse que esse público fosse exposto à publicidade. A partir do contato, a empresa atualizou as ferramentas de verificação etária, mas o programa entende que ainda é preciso aprimorar a atual plataforma para vedar o acesso a crianças em qualquer condição. 

É salutar o comprometimento expresso das empresas, como fez a Coca-Cola, em abster-se de atingir crianças por meio da comunicação mercadológica. Contudo, para que essa responsabilidade seja verdadeira e efetiva, são necessárias medidas contextualizadas e factuais.

aponta a carta enviada recentemente

O que pede o Instituto Alana

Por serem passíveis de violar os direitos de crianças e adolescentes ao explorarem comercialmente sua hipervulnerabilidade, o Criança e Consumo pede para que a companhia se abstenha de realizar campanhas, promoções ou parcerias que tenham apelo ao público infantil. “Afinal, não é uma mera previsão em regulamento sobre o público destinatário da promoção que impede, concretamente, que pessoas com menos de 13 anos sejam tolhidas por uma comunicação mercadológica em que também há apelo à infância“, salienta o programa na carta.

Ainda, são cobradas medidas de reparação dos danos potencialmente causados, como a realização de campanha institucional sobre os malefícios do consumismo e do direcionamento de comunicação mercadológica a crianças. Assim, estimula-se o redirecionamento desse tipo de conteúdo aos adultos, além do consumo consciente e sustentável.

Por fim, o documento solicita informações quanto às medidas adotadas pela Coca-Cola para evitar que pessoas com menos de 13 anos sejam impactadas com a promoção mencionada e as diretrizes para que o aplicativo Panini Sticker Album não seja acessado por crianças.

Publicado em: 16 de dezembro de 2022

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