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Imagem da publicidade das mochilas das meninas superpoderosas

Campanha de mochilas para crianças é denunciada

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Campanha de mochilas para crianças é denunciada

Empresa Sestini manteve a estratégia de dirigir sua comunicação mercadológica para crianças, apesar de ter sido alertada pelo Alana em 2016 sobre a abusividade da ação.

O programa Criança e Consumo, do Alana, encaminhou representação à Defensoria Pública do Estado de São Paulo para denunciar a conduta da empresa Sestini que dirige a publicidade de seus produtos ao público infantil. A campanha de volta às aulas de 2017, divulgada amplamente em canais infantis, era repleta de elementos atraentes às crianças, além de anunciar brinquedos colecionáveis estampados com personagens do universo infantil. Em 2016, o Criança e Consumo enviou uma notificação à empresa, após constatar a prática abusiva de direcionar publicidade para crianças na campanha daquele ano.

“A comunicação mercadológica da Sestini está na contramão da legislação vigente. O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 37, parágrafo 2º, classifica a publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança como abusiva e ilegal, e a Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) reforça essa norma desde 2014”, explica Ekaterine Karageorgiadis, coordenadora do programa Criança e Consumo.

A denúncia também foi assinada por duas entidades do movimento negro, o Coletivo de Oyá e a UNEafro, em razão de incitação à discriminação racial no filme publicitário da linha das ‘Meninas Superpoderosas’. No comercial, o uso de turbante, elemento de expressão da identidade negra, é indicado como algo ‘vergonhoso’.

“Apesar de mais de 50% da população brasileira ser negra, os meios de comunicação seguem não apenas ignorantes e ignorando a cultura da população negra, mas estimulando o preconceito com relação às manifestações da cultura de afrodescendentes. Este caso de racismo, em publicidade direcionada a crianças, é uma mostra do tipo de atraso que ainda temos de enfrentar na produção audiovisual e na publicidade, em especial”, diz Leila Rocha, articuladora do Eixo Saúde do Coletivo de Oyá.

Outra preocupação dos movimentos é que o filme publicitário leve crianças negras a desenvolver um comportamento de autorrejeição e negação de seus valores culturais por medo de serem motivo de gozação. “Para a criança negra é extremamente importante, na formação da sua autoestima e identidade, que a representatividade seja positiva e enaltecida, e não o contrário como apresentado pelo comercial em questão”, ressalta Rosângela Martins, advogada da UNEafro.

Acompanhe o caso:

Publicado em: 6 de setembro de 2017

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