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Foto de várias balas açucaradas.

11 empresas anunciam novas diretrizes para publicidade infantil

Foto de várias balas açucaradas.

11 empresas anunciam novas diretrizes para publicidade infantil

As regras padronizam critérios nutricionais dos produtos anunciados e permitem comunicações dirigidas a criança de acordo com essa classificação.

Empresas do setor de alimentos e de bebidas não alcóolicas divulgaram recentemente um novo compromisso de autorregulamentação sobre o direcionamento de publicidade para crianças em diferentes suportes de mídia. Fazem parte do acordo Coca-Cola, Ferrero, General Mills, Grupo Bimbo, Kellogg’s, Mars, McDonald’s, Mondelez, Nestlé, PepsiCo., e Unilever. Das 11 empresas, Mars e Coca-Cola já haviam declarado que não fazem publicidade para o público infantil.

As novas diretrizes estabelecem que as empresas anunciarão para crianças menores de 12 anos de idade somente se o produto atender aos critérios nutricionais estabelecidos pelo grupo. Além disso, definem como audiências infantis aquelas cujo público é composto por 35% ou mais de crianças abaixo de 12 anos. O critério anterior era de 50% ou mais.

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O compromisso acompanha um movimento internacional e se baseia na Política Global de Comunicação de Marketing para Crianças da International Food & Beverage Alliance (IFBA), utilizada nos países da União Europeia. O acordo brasileiro entra em vigor em 1º de janeiro de 2017, e as empresas terão até 31 de dezembro de 2017 para se adaptarem. A consultoria KPMG vai monitorar e analisar os anúncios para saber se os critérios definidos estão sendo respeitados.

Para o Criança e Consumo, a iniciativa demonstra um avanço, pois indica que o mercado reconhece os impactos à saúde da publicidade direcionada ao público infantil, entendimento que vem sendo defendido por organizações internacionais como ONU, OMS e OPAS, especialistas em saúde pública e entidades da sociedade civil. Mesmo assim, é importante lembrar que a autorregulamentação está longe de sozinha resolver o problema da publicidade infantil. As empresas precisam respeitar também a legislação brasileira vigente, que considera a publicidade direcionada às crianças abusiva e ilegal.

Um ponto crítico do compromisso anunciado diz respeito à publicidade dentro das instituições de ensino. De acordo com o comunicado divulgado pelas empresas, elas estabeleceram que só haverá ações deste tipo, “quando solicitado ou acordado com a administração da escola exclusivamente para fins educacionais específicos”. Apresentar publicidade como uma ação pedagógica revela que o interesse principal não é educativo, mas sim comercial. Além disso, o ambiente escolar é um espaço de desenvolvimento, formação de valores, fortalecimento de vínculos, dentre outros aprendizados importantes e portanto deveria ser completamente isento de mensagens comerciais.

O Criança e Consumo defende o fim do direcionamento de qualquer comunicação mercadológica voltada para o público infantil, por compreender que a criança vivencia uma fase peculiar do seu desenvolvimento biopsicológico e que, portanto, deve ser respeitada frente aos interesses do mercado. As crianças não devem ser utilizadas como promotoras de vendas, e deveriam ser os adultos, verdadeiros detentores do poder de compra, os destinatários das mensagens publicitárias.

Foto: Free Images

Publicado em: 21 de dezembro de 2016

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