À primeira vista, pode até parecer exagero dizer que a publicidade infantil afeta todos e tudo ao nosso redor. Mas é verdade: a natureza também sofre os efeitos dessa prática injusta, abusiva, antiética e ilegal. Os impactos no meio ambiente causados pela publicidade infantil são preocupantes, principalmente diante da grave realidade climática e ambiental atual.

Antes de mais nada, direcionar publicidade para crianças é um estímulo à cultura consumista. Isso contribui para a criação de comportamentos de consumo exagerados e irresponsáveis desde muito cedo. E, inegavelmente, muito consumo leva a muito descarte.

Aliás, essa própria cultura de consumo-descarte é bastante incentivada pela publicidade. Basta ver como os anúncios reforçam a importância de adquirir o novo, o último lançamento, favorecendo o descarte do que é antigo. A conhecida “obsolência programada“. Tudo isso ainda alimenta uma cadeia de produção em excesso, para dar conta dos desejos de consumo criados. E um dos resultados não poderia ser outro: o esgotamento dos recursos naturais

Impactos no meio ambiente da publicidade infantil: brinquedos plásticos

De fato, brinquedos fazem parte do desenvolvimento da criança no ato do brincar. Contudo, a indústria de brinquedos, sendo a que mais direciona publicidade diretamente ao público infantil, colabora (e muito) para os impactos no meio ambiente. 

Estima-se que 90% dos brinquedos do mundo são produzidos com algum tipo de plástico. E uma das grandes ameaças para a natureza é justamente a produção e o descarte desse material. 

Mas, afinal, o que os brinquedos de plástico têm a ver com os impactos no meio ambiente causados pela publicidade infantil? A resposta é simples: muita coisa! As empresas que fabricam esses produtos e anunciam diretamente para crianças estimulam o desejo de consumo em excesso e, consequentemente, o descarte também excessivo.

1,38 milhão de toneladas de brinquedos de plástico serão produzidos no Brasil entre 2018 e 2030, equivalente a 198 mil caminhões de lixo enfileirados de São Paulo a Salvador.

Fonte: pesquisa Infância Plastificada.

E o plástico, apesar de quase sempre ser reciclável, nem sempre pode ser reciclado de fato

Se descartado incorretamente, o lento processo de decomposição desse material faz com que ele acabe se partindo em pequenos pedaços. Os chamados microplásticos se espalham pela natureza, contaminam organismos vivos e podem ser encontrados em água potável, comida, roupas e outros itens. Sem contar que esse tipo de resíduo pode ficar na natureza por até 500 anos, de acordo com o World Wide Fund for Nature (WWF).

Esse cenário é ainda mais alarmante no nosso país. O Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo e recicla apenas 1% desse descarte. Ao mesmo tempo, 41,6% do plástico consumido por aqui não tem destinação adequada. Também estamos em 16º lugar entre os países que mais descartam resíduos de plástico no oceano.

Para piorar, ao contrário do que se imagina, nem todo material plástico é reciclável. A pesquisa Infância Plastificada mostrou que a mistura de plásticos com outros materiais é um agravante neste sentido. O uso de pigmentos, brilhos e glitter em brinquedos e embalagens torna o processo da reciclagem mais complexo e caro. Ainda, em alguns casos, é impossível reciclar esses objetos. Justamente, são esses elementos que costumam ser adicionados para chamar mais a atenção das crianças.

Tudo isso mostra como as estratégias usadas pela publicidade infantil prejudicam não só as crianças, mas também o meio ambiente. Além da publicidade infantil de brinquedos plásticos, vários outros produtos e serviços consumidos irrefletidamente também geram impactos no meio ambiente. Por isso, garantir infâncias livres de consumismo também é proteger o planeta!

Conheça outras consequências:

Denuncie!

Qualquer pessoa pode denunciar publicidade infantil, e isso é um instrumento muito importante. Afinal, como determina o art. 227 da Constituição Federal, devemos proteger nossas crianças em uma responsabilidade compartilhada. Isto é, empresas, sociedade e Estado devem fazer seu papel, em um conjunto de esforços, pela defesa da infância!

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