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Foto de vários lápis de cores separados pro tipo de cores.

Um jeito novo de trabalhar: valorizando as pessoas e não o lucro

Foto de vários lápis de cores separados pro tipo de cores.

Um jeito novo de trabalhar: valorizando as pessoas e não o lucro

Por Laura Leal

Mercur decide deixar de vender produtos licenciados. Para eles os personagens geram mais consumo e confundem a percepção das pessoas sobre a real necessidade e utilidade desses produtos.

A partir de uma inquietação e insatisfação com o mundo, uma empresa resolveu fazer tudo diferente. O foco que antes era o crescimento econômico, o lucro pelo lucro, se voltou para as pessoas, para o consumo consciente e uma vontade de contribuir com a educação. A Mercur, que produz objetos de borracha e famosa pelos materiais escolares, alcançou o leme de sua própria história e mudou seu rumo. Em 2008, Jorge Hoelzel, que faz parte da terceira geração que administra o negócio, descontente com essa lógica do consumo pelo consumo decidiu rever seus produtos e a maneira como a empresa e fábrica, que fica Santa Cruz do Sul (RS), trabalhava.

O processo é contínuo e acontece até hoje, mas muita coisa já mudou por lá. No início desse novo trabalho foi criado um grupo para pensar o tipo de educação que a empresa acreditava. Foram conversas, debates, leituras de textos, o envolvimento de pedagogos e a conclusão de que era preciso conhecer as escolas com um olhar mais humano. Se antes elas eram vistas pela empresa como um lugar para promover a marca, agora são pensadas como um lugar que tem necessidades reais. Ao voltar esse olhar para o universo da educação a Mercur percebeu que muitos produtos não faziam sentido. “Estávamos colocando produtos e mais produtos em um ambiente que a gente não conhecia, vimos um abismo entre a fábrica e a escola”, explica Fabiane Lamaison, coordenadora de comunicação da Mercur.

Ao rever o portfólio, a Mercur decidiu que não teria mais produtos licenciados. “Borracha serve para colecionar ou apagar? Para apagar, então ela precisa cumprir essa função da melhor maneira. Nossos esforços passaram a ser colocados na produção”, esclarece Fabiane. “O licenciamento causa uma diferenciação e só por isso o preço é o dobro. As duas [borrachas, uma com personagem e outra sem] cumprem a mesma função, não faz sentido cobrar mais só porque tem um personagem estampado”, completa.

Os colaboradores da fábrica também foram convidados a fazer parte dessa mudança, a participar de grupos de estudo, de conversas, e integrar a roda de chimarrão com Jorge Hoelzel. “Com esse novo olhar para as relações, dentro da empresa foi fundamental aproximar os colaboradores desse mundo”, conta Márcia Murillo, pedagoga da Mercur. A comunidade de Santa Cruz do Sul também entrou no processo: a empresa abriu recentemente um Laboratório de Inovações para os colaboradores e moradores da cidade. Será um ambiente para criar, aprender e compartilhar. Para sair da rotina da indústria.

Essa e outras decisões começaram a ganhar forma e desenhar uma nova empresa. “Com essas mudanças e horizontalização dos processos, o ritmo de crescimento é mais lento e há um impacto”, explica Fabiane. “Mas agora pensamos com mais cuidado sobre as coisas, com mais consciência de tudo. Trabalhamos muito em conjunto refletindo sobre o uso de energia e recursos hídricos”. O foco agora é trabalhar para preservar, garantir um consumo consciente por meio de um processo que leva em conta o ambiente. Fabiane resume bem: “um processo financeiramente mais saudável”. São decisões que impactam no lucro, mas que dão sentido à vida. “Mostramos que tínhamos um posicionamento para ser vivido e não só falado”, finaliza.

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Foto: Divulgação/ Facebook

Publicado em: 19 de agosto de 2015

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