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Imagem de um desenho de batatas fritas e lanches em formatos retangulares, tem um rosto triste quadrado na foto.

Rede de lanchonetes lança campanha abusiva

Imagem de um desenho de batatas fritas e lanches em formatos retangulares, tem um rosto triste quadrado na foto.

Rede de lanchonetes lança campanha abusiva

O projeto Criança e Consumo constatou abusividade na comunicação mercadológica da nova promoção do McLanche Feliz ao direcionar a campanha em diferentes mídias para o público infantil.

O projeto Criança e Consumo encaminhou a Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e Juventude da Capital, do Ministério Público de São Paulo, representação contra a rede de lanchonetes McDonald’s por considerar sua nova campanha do McLanche Feliz uma estratégia abusiva ao se dirigir às crianças.

A campanha associa a compra do lanche a seis bonecos dos personagens do desenho “Hora de Aventura“, exibido pelo Cartoon Network. Os brinquedos representam seres do imaginário infantil, o que contribui para atrair as crianças ao consumo e com isso aumentar a venda do produto. As “surpresas” são sempre exclusivas (só podem ser adquiridas em lojas da rede McDonald’s), efêmeras (são substituídas com certa periodicidade por uma nova série de brinquedos) e colecionáveis (há a disponibilização de diversos brinquedos que juntos compõem um conjunto único comprado em partes).

Veja também:
– #Obesidadeinfantil: OMS defende fim da publicidade de alimentos não saudáveis
– 70 milhões de crianças devem estar acima do peso em 2025, alerta organização
– Empresas insistem em direcionar publicidade às crianças

As ações publicitárias analisadas pelo Criança e Consumo alcançam diretamente a criança e abusam de sua hipervulnerabilidade para seduzi-la ao consumo, indo na contramão dos direitos das crianças previstos há mais de duas décadas na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código de Defesa do Consumidor e reforçada recentemente pela Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).

Além dos tradicionais canais de comunicação, a campanha também se utiliza de youtubers mirins, crianças que publicam vídeos no Youtube sobre diversos assuntos infantis e são visualizados por milhares de crianças em todo Brasil. O McDonald’s enviou para alguns youtubers mirins uma carta sobre a nova promoção do McLanche Feliz e os produtos para que divulgassem aos seus espectadores infantis antes do lançamento oficial.

“A ação é claramente configurada como publicidade abusiva, pois tem como objetivo seduzir crianças ao consumo de um produto. Infelizmente, a empresa insiste em focar o direcionamento de sua comunicação mercadológica nas crianças, que têm contato com a promoção por meio da publicidade televisiva, internet e pontos de venda. Chama especial atenção a divulgação dos brinquedos feita em redes sociais por crianças que são presenteadas pela empresa, com o objetivo de que sejam seus promotores de vendas”, explica Ekaterine Karageorgiadis, advogada do Instituto Alana.

A intenção da empresa ao direcionar sua publicidade às crianças não é apenas elevar as vendas do combo McLanche Feliz e de seus brinquedos, como também tornar a marca conhecida da criança, de forma a fideliza-la, incentivando-a a consumir outros produtos, promover a sua venda para sua família e adquirir respeito pela marca por toda sua vida. Outro agravante é que a estratégia publicitária tem por objetivo promover alimentos de valor nutricional questionável, considerados potencialmente nocivos à saúde das crianças especialmente se consumidos com habitualidade e em excesso.

A representação do Criança e Consumo vem repudiar a forma como tem sido anunciado o produto às crianças, na medida em que viola as normas legais de proteção delas. E solicita ao Ministério Público de São Paulo que sejam tomadas as medidas cabíveis para coibir esta prática nociva, a fim de que a empresa cesse com tal abusividade e ilegalidade, deixando de realizar ações semelhantes, bem como repare os danos já causados às crianças.

Acompanhe o caso:

Foto: Via Flickr Surian Soosay

Publicado em: 8 de maio de 2015

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