A pedido do Procon Carioca, Instituto Alana envia informações sobre publicidade de alimentos e obesidade para ajudar em caso sobre publicidade enganosa e abusiva da Coca-Cola.
Em agosto, o Procon Carioca enviou um ofício ao Instituto Alana em que pedia subsídios que pudessem instruir um processo administrativo contra a Coca-Cola, para apurar a abusividade e enganosidade da campanha publicitária “Energia Positiva”. O anúncio em questão afirma que o refrigerante possui “123 calorias de energia positiva”, sem deixar claro qual seria a quantidade de produto correspondente a esse teor calórico e induzindo o consumidor a erro ao afirmar que essas calorias poderiam ser queimadas com 20 minutos de passeio com o cachorro e em 75 segundos de gargalhadas, entre outras atividades.
Por seu caráter enganoso, a propaganda foi proibida no Reino Unido e no México. No entanto, no Brasil, ela foi liberada pelo Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (CONAR), que justificou que o brasileiro médio tem noção de que o consumo de qualquer produto alimentício em excesso pode ser danoso. No seu entendimento, “o que pode transformar o remédio em veneno é justamente a dose”.
A liberação gerou uma reação da sociedade civil, fazendo com que a Frente pela Regulação da Publicidade de Alimentos começasse um abaixo-assinado pela proibição da publicidade, afirmando que propaganda enganosa é crime.
O Procon Carioca ressalta que a publicidade da Coca-Cola ignora que no Brasil já há a prevalência de consumo excessivo de açúcares , e, consequentemente, o aumento das taxas de obesidade e o sobrepeso.
Com objetivo de ajudar no caso, o Instituto Alana, em sua resposta, enviou informações sobre os assustadores índices de obesidade infantil no Brasil e no mundo e sua relação com o direcionamento às crianças da publicidade de alimentos com altos teores de açúcares, sódio e gorduras, além das bebidas de baixo valor nutricional – segundo dados do Ministério da Saúde, hoje 30% das crianças brasileiras entre cinco e nove anos está com excesso de peso, sendo 15% obesas. No entanto, para o Instituto, a publicidade da Coca-Cola investigada pelo Procon Carioca não teria elementos que caracterizem seu direcionamento a crianças, âmbito de trabalho do Instituto Alana.
Saiba mais sobre o caso: Campanha “Energia Positiva” Coca-Cola
Foto: Arne Halvorsen