Logo Criança e Consumo
Foto de uma prateleira de supermercado com vários tipos de caixas de cereais.

Na Inglaterra, anúncios de junk food para crianças serão regulados

Foto de uma prateleira de supermercado com vários tipos de caixas de cereais.

Na Inglaterra, anúncios de junk food para crianças serão regulados

*texto publicado originalmente no site britânico The Guardian e traduzido para o português pela B2B Language para projeto o Criança e Consumo.

Comitê sobre Práticas Publicitárias diz que está alinhando meios impressos e a internet com as regras para a TV, mas os ativistas dizem que não é suficiente.

Os anúncios de junk food direcionados a crianças serão proibidos na internet, na mídia impressa e no cinema [na Inglaterra] após um detalhado debate sobre o dano que causam ao encorajar crianças a consumir comida com alto teor de gordura e não saudável.

O anúncio das proibições nas mídias que não sejam de radiodifusão pelo Comitê sobre Prática Publicitárias foi recebido com alívio pelos defensores da saúde, que há muito estavam frustrados pela enxurrada de anúncios de doces, bebidas com alto teor de açúcar e alimentos gordurosos direcionados a crianças, especialmente em seus celulares, geralmente na forma de jogos. Houve um forte protesto quando a estratégia do governo com relação à obesidade publicada no verão não tratou do assunto da publicidade.

A regulação foi um início, mas não foi longe o bastante, organizações de saúde disseram. Ela proibirá anúncios de alimentos com alto teor de gordura, sódio e açúcar na indústria de entretenimento e publicações explicitamente para crianças, mas não para aquelas direcionadas a adultos ou famílias, a menos que as crianças totalizem mais de 25% da audiência.

Veja também:
– Personagens infantis podem desaparecer de alimentos não saudáveis na Holanda
– Bahia regulamenta publicidade de alimentos para crianças
– Publicidade da Danone no dia a dia das crianças

As personagens de desenho animado e celebridades serão proibidos nos materiais promocionais, mas não nas embalagens de produtos alimentícios, o que significa que eles continuarão sendo vistos nas embalagens de cereais matinais com grandes quantidades de açúcar.

O Comitê disse que está colocando outras mídias em linha com as regras sobre os anúncios televisivos. “A obesidade na infância é um assunto sério e complexo e é uma questão que estamos determinados a fazer a nossa parte em resolvê-la” disse o seu presidente, James Best. “Essas restrições reduzirão significativamente o número de anúncios de produtos com altos índices de gordura, sal ou açúcar vistos pelas crianças. Nossas novas regras, mais rígidas, são uma demonstração de que a indústria publicitária está disposta e pronta para agir sobre as suas responsabilidades e coloca a proteção das crianças no centro de seu trabalho”.

A necessidade de agir tornou-se clara uma vez que as crianças gastam mais e mais tempo nos computadores e celulares. Uma pesquisa da Ofcom mostra que jovens de 5 a 15 anos gastam cerca de 15 horas por semana online, pela primeira vez ultrapassando o tempo gasto assistindo TV.

A partir de 1º de Julho, os anúncios para produtos com alto teor de gordura, sal ou açúcar não serão mais permitidos em plataformas de compartilhamento de vídeos e jogos patrocinados se eles forem focados em crianças menores de 16 anos. Propagandas, personagens licenciados e celebridades populares junto às crianças serão permitidas apenas para alimentos e bebidas saudáveis.

A Action on Sugar deu boas-vindas às novas regras. “Entretanto, nós precisamos ver proibições sobre os anúncios irem mais longe, uma vez que atualmente elas não dão conta da exposição desses anúncios durante os programas de família populares, tais como o ‘The X Factor’ ou ‘Britain’s Got Talent’”, diz o gestor da campanha, Jenny Rosborough, um nutricionista profissional.

A Aliança para Saúde e Obesidade (“Obesity Health Alliance”), uma coalisão de mais de 30 entidades filantrópicas de saúde, concorda que o avanço foi importante, “mas é preocupante que as novas restrições somente serão aplicadas quando forem exibidas para pelo menos 25% da audiência formada por crianças. Essa brecha (na regra) nos diz que um número significativo de crianças ainda pode ser exposto a anúncios de produtos com alto teor de gordura, sal e açúcar”, eles disseram.

“As pesquisas mostram que os anúncios influenciam enormemente nos alimentos que as crianças escolhem consumir, e, com um terço das crianças com sobrepeso ou obesas aos 11 anos, nós precisamos protegê-las do marketing incessante dos alimentos sem qualidade em todas as áreas da vida”.

A Federação de Alimentos e Bebidas (“Food and Drink Federation” – FDF), que lutou por outras restrições incluindo a taxa sobre o açúcar, imposta pelo governo, apoia as mudanças. “No ano passado, a FDF anunciou seu apoio para mudanças maiores na forma como os alimentos e bebidas são anunciados, com base em nossa crença de que as regras para as mídias que não sejam de transmissão ao vivo deveriam estar alinhadas com as regras rígidas que já estão em vigor para a TV”, disse o seu diretor executivo, Ian Wright.

“Anúncios de alimentos e bebidas com alto teor de gordura, sal e açúcar (“HFSS”) foram proibidos há muito tempo nos canais infantis, com as crianças menores de 16 anos hoje assistindo muito menos a esses anúncios nos últimos anos. Como os jovens estão mudando das mídias tradicionais para as novas mídias sociais, sentimos que é importante que as regras sobre anúncios acompanhem essas mudanças”.

A Associação de Publicidade (“Advertising Association”) disse que outras ações contra obesidade também são necessárias. “Essas novas regras refletem os hábitos de mudança de mídia e reforçam uma medida que já reduziu enormemente os anúncios que as crianças veem de alimentos doces e gordurosos. A normatização é importante, mas também sabemos que os efeitos da propaganda são relativamente pequenos; então, quer seja apoiando os pais com alternativas mais saudáveis, quer seja melhorando a educação ou tornando as pessoas mais ativas, vamos agarrar a oportunidade de colocar a nossa energia coletiva para atacar os grandes direcionadores da obesidade”, disse o seu diretor executivo, Stephen Woodford.

Foto: Via Flickr

 

Publicado em: 26 de janeiro de 2017

Notícias relacionadas

Listar todas as notícias

Ir ao Topo