Em nota, Ministério da Saúde informa às Secretarias Estaduais sobre a Resolução 163 do Conanda e endossa que a publicidade de alimentos ultraprocessados dirigida às crianças influência a obesidade infantil.
O Ministério da Saúde divulgou um informe onde apresenta de maneira detalhada a Resolução 163 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que considera abusivo o direcionamento de publicidade à criança, às Secretarias Estaduais de Saúde. O texto condena a exposição exagerada das crianças à publicidade de alimentos ultraprocessados e não saudáveis, com altos teores de sódio, açúcares e gorduras por reconhecer que a publicidade contribui com o crescimento dos casos de obesidade infantil. O Instituto Alana, que defende o fim da comunicação mercadológica dirigida ao público infantil por meio do projeto Criança e Consumo, comemorou a notícia.
Grande parte da publicidade de alimentos direcionada às crianças é de produtos ultraprocessados, como salgadinhos de pacote, biscoitos, bolos, cereais matinais, balas e outras guloseimas, refrigerantes, sucos adoçados e refrescos em pó. “A obesidade infantil é considerada uma epidemia, ou mesmo uma pandemia, já que é um problema que vários países enfrentam. E é um dos fatores do aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, problemas renais, e alguns tipos de câncer”, alerta Isabella Henriques, coordenadora do Criança e Consumo.
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O documento do Ministério condena a exposição exagerada do público infantil a essas publicidades, que podem estimular o desejo de consumo desses alimentos. “Como estão em fase de desenvolvimento e formando seus hábitos alimentares, as crianças acreditam mais facilmente nas mensagens comerciais, especialmente quando associadas a elementos que conhecem, como personagens, apresentadores, desenhos animados, brinquedos ou outras crianças”, diz Isabella.
A nota técnica recomenda que os profissionais da área da saúde exijam que as unidades de atendimento sejam livres de propagandas de quaisquer produtos, e que informem às famílias das crianças sobre a influência dos comerciais de comidas industrializadas. O documento reforça que a publicidade não é considerada abusiva quanto se trata de campanhas sobre boa alimentação, segurança, educação, saúde, entre outros itens relativos ao melhor desenvolvimento do Brasil.
– Nota técnica do Ministério da Saúde
– Informe da Resolução 163 do Conanda
Foto: Renata Franco/ Instituto Alana