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Foto de uma mulher caminhão de mãos dadas com uma criança sobre uma rua de paralelepípedo.

Nas férias escolares, explore a cidade e descubra um mundo

Foto de uma mulher caminhão de mãos dadas com uma criança sobre uma rua de paralelepípedo.

Nas férias escolares, explore a cidade e descubra um mundo

Sair pelos logradouros públicos em família e com amigos visitando espaços vivos de cultura e de natureza em recantos abertos é uma grande aventura.

 

Por Flávio Paiva*

 

Os períodos de férias são sempre oportunidades especiais para pais e filhos intensificarem a convivência entre si e com outras pessoas fora dos circuitos de rotina. Isso implica em alteraros lugares que comumente frequentamos na cidade. Procurar outras referências e descobrir novas impressões sobre o mundo urbano do qual fazemos parte é uma atividade prazerosa e uma boa alternativa para o usufruto de um tempo destinado às desobrigações.

 

Sair pelos logradouros públicos em família e com amigos visitando espaços vivos de cultura e de natureza em recantos abertos é uma grande aventura. O ar do ambiente exterior é diferente e pode ser muito saudável para quem vive em espaços fechados e necessita perder o medo de viver no lugar onde mora. Caminhar pelas ruas e brincar nas praças reativa pulsões vitais e possibilita o contato com outras paisagens da geografia humana.

 

A experiência de apreciar a cidade como o grande museu interativo que ela é transforma-se em fonte de inspiração para a vida em sociedade. O passeio como investigação de espaços e desfrute do imaginário urbano, mais do que lazer, realça a percepção de campos de sentido e fortalece nossos vínculos com as manifestações de arquitetura, arte pública e realidade objetiva, dando voz à memória social e desafiando desejos recalcados de liberdade.

 

É importante que a escolha de aonde ir seja conversada, de modo que uns lugares incluídos no roteiro já façam parte de destinos que as crianças conhecem em atividades escolares, desportivas e artísticas, e, outros, lugares conhecidos dos pais, mas ainda inexplorados pelos filhos. Sair sem roteiro definido também é estimulante, entretanto, se for possível visitar cantos da cidade ignorados pelos pais e pelos filhos, certamente as descobertas serão mais enriquecedoras, porque em situações assim o aprendizado nasce de elos construídos, tornando-se bem mais empolgante.

 

Fiz muito isso na relação com os meus filhos Lucas e Artur. Quando eles eram crianças, saímos muitas vezes de carro para conhecer bairros pelos quais nunca havíamos transitado. Os passeios de ônibus com eles também viravam festa. A diversão era só essa mesma: andar de ônibus. Íamos só de calção, camiseta, sandália havaiana, cópia de documento e algum dinheiro nos bolsos. Nada que chamasse a atenção. Às vezes descíamos em alguma praça que nos atraía, ficávamos por lá um tempo interagindo com o que fosse, e depois retornávamos para casa.

 

Tenho testemunhado algumas atividades de escolas em Fortaleza, onde moro com a minha família, que, imagino, valham a pena serem praticadas durante as férias. Escrevi um livro para crianças no qual é a própria cidade que conta a sua história. Com base nesse trabalho, educadoras e estudantes estimulam os pais a, em momentos de folga, finais de semana ou em feriados, levar os filhos para comparar os lugares referidos na narrativa com o que estes lugares se transformaram e como podem ser vistos na atualidade.

 

Vivenciar a cidade com os meus filhos, inclusive indo muitas vezes aos mesmos lugares para contemplar as diferenças de formas, sombras e movimentos durante o dia e à noite, foi uma prática que nasceu de uma composição que fiz, em parceria com a educadora ngela Linhares, para falar que “a cidade é cheia de graça”. E é mesmo, mas sua graça só se revela quando permitimos que ruas e praças passem por nossos corações.

 

A música “Vamos Passear pela Cidade?” é um convite que foi além da infância dos meus filhos, e que sigo fazendo a todo adulto que pode levar uma criança a experienciar a vida urbana nas áreas públicas. Gravada lindamente pelas cantoras Olga Ribeiro (com trecho incidental cantado pelo Lucas, então com pouco menos de dois anos) e Giana Viscardi, pode ajudar a inspirar o leitor.

 

*Flávio Paiva é jornalista, colunista semanal do caderno Vida & Arte do jornal O Povo, autor de livros infantis e juvenis, e membro do Conselho do programa Criança e Consumo do Instituto Alana.

Publicado em: 3 de julho de 2018

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