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Foto de quatro pessoas da esquerda para a direita: Neca Setubal dalando ao microfone, Ekaterine Karageorgiadis , Danilo Miranda e Pedrinho Fonseca.

Como alcançar uma sociedade preocupada no ser e não no ter?

Foto de quatro pessoas da esquerda para a direita: Neca Setubal dalando ao microfone, Ekaterine Karageorgiadis , Danilo Miranda e Pedrinho Fonseca.

Como alcançar uma sociedade preocupada no ser e não no ter?

Durante o lançamento do Relatório sobre o Impacto do Marketing nos Direitos Culturais, a mesa redonda abordou a importância do diálogo para transformar nossa sociedade de consumo.

Em 2013, a advogada e atual coordenadora do projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, Ekaterine Karageorgiadis, esteve em Nova York (EUA) para contribuir, principalmente no que tange à publicidade dirigida a crianças nas escolas, com o Relatório Sobre o Impacto do Marketing na Fruição dos Direitos Culturais, da então Relatora Especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Farida Shaheed. Em 2014, o projeto também colaborou respondendo a um questionário sobre os temas abrangidos pelo relatório e, no mesmo ano, o documento final foi aprovado na 69ª Assembleia Geral da ONU.

Agora, em março de 2017, o Criança e Consumo lançou a versão traduzida para o português do relatório, em um evento na Unibes Cultural, em São Paulo (faça o download aqui). Participaram de uma mesa redonda Neca Setubal, Danilo Miranda e Pedrinho Fonseca, especialistas nas áreas de educação, cultura e comunicação, respectivamente. “O documento reforça nosso entendimento e traz recomendações da própria ONU para que os países proíbam todas as formas de publicidade para crianças”, explicou Ana Lucia Villela, presidente do Instituto Alana, que fez a abertura do evento. “Enquanto o consumo for considerado por uns a chave do crescimento e por outros signo de sucesso, continuaremos vivendo em uma sociedade cada vez mais desigual. O mundo não precisa mais de cidadão-consumista, precisa apenas de cidadãos”, afirmou.

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A socióloga Neca Setubal, presidente do Conselho de Administração do CENPEC (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) e da Fundação Tide Setubal, trouxe para a conversa a relação entre escola e publicidade, e apontou a necessidade de uma renovação maior. “A publicidade entra por diferentes lugares na escola, invade o espaço público e acaba naturalizado. Precisamos parar para pensar como isso acontece e o que fazer para buscar outro caminho”, pontuou. “Precisamos transitar de uma sociedade voltada para o consumo, para uma sociedade em que estaremos ligados a nós mesmos. E o trabalho dos professores é fundamental para a construção dessa nova sociedade em que pertencer não esteja veiculado ao ter”, concluiu.

“Nós não herdamos o mundo de nossos pais, nós o tomamos emprestados dos nossos filhos. Portanto, na nossa passagem a principal preocupação deve ser com a geração futura. E é nesse sentido que a educação está no centro”, acrescentou Danilo Miranda, sociólogo e diretor regional do Sesc-SP. Para ele, a questão da publicidade em espaços como escolas está inserida no conflito entre o público e o privado, e por isso a importância do Estado em cumprir seu papel regulador. “Sabemos que há a necessidade de regulação da publicidade, no caso da cultura, por exemplo, já foi proibido o patrocínio de eventos culturais por marcas de cigarro e bebidas alcoólicas”. Para Danilo, o relatório cumpre a missão de colocar em pauta o papel do Estado e da sociedade no que diz respeito ao impacto do marketing.

Pedrinho Fonseca, consultor de comunicação digital e cultural, provocou reflexões importantes sobre a sociedade de consumo na qual estamos inseridas a partir da sua experiência no meio publicitário. “A existência deveria ser pautada pelo o que somos e não pelo o temos e fazemos”, colocou. “O diálogo pode ser o caminho para transformar o mundo que vivemos, é importante que a gente assuma um papel de coadjuvante como saída para fazer com que a educação e a cultura tenham na nossa comunicação, no nosso diálogo, uma chance para a gente transformar”, concluiu.

A coordenadora do Criança e Consumo, Ekaterine Karageorgiadis, fez a mediação da conversa e enfatizou que o trabalho do projeto é tratar da questão da publicidade infantil e também da discussão sobre a sociedade de consumo e dos impactos do consumismo. “Acredito que o relatório e a conversa em torno dele norteiem atuações aqui no Brasil e evitem a realização de ações mercadológicas dirigidas às crianças, especialmente nas instituições de ensino”, explicou Ekaterine.

Veja as fotos do lançamento:

Publicado em: 30 de março de 2017

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